Agosto estava no auge quando esta foto foi tirada, mas estando a arrumar os meus ficheiros ao revê-la, decidi recriá-la,
tendo-me vindo á memória este belo texto de Almada Negreiros:
Pede-se a uma criança:desenhe uma flor!!Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas ás pessoas: a flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, á procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas que Deus faz uma flor!
In A Invenção do Dia Claro"
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