Quem acha que as alterações climáticas são um problema da nossa época, leia este pequeno trecho escrito na década de 1590
"Os mortais humanos reclamam aqui o seu Inverno; a noite já não assiste a cânticos nem a hinos. Por isso a lua, rainha dos mares, pálida de rancor, humedece tanto o ar, que faz abundar as doenças reumáticas; devido a esta intemperância, vemos alteradas as estações: a branca carambina tomba no fresco regaço da púrpura rosa, enquanto que o velho Inverno ostenta sobre a sua coroa gelada, como por escárneo, um fragante festão de doces botões de estio. A Primavera, o Verão, o fecundo Outono, o colérico Inverno mudam as librés habituais e o mundo, confuso com esta multiplicação, já não sabe distingui-lo."
Shakespeare - Sonho de uma Noite de Verão
Foto M.J.Jara
A chuva cai lá fora, trazendo a água que tanta faz à terra, mas com ela no vazio das cidades, sente-se mais a tristeza e o peso da atmosfera húmida e um tanto lúgubre .
Nestes dias, em que a grande cidade me aprisiona em casa, sinto-me acabrunhada e numa enorme solidão, e nem o conforto duma atmosfera criada por mim me levanta o estado de alma.
Enrosco-me num sofá, com os cães dormindo a meus pés, como que a dizer-me nós estamos aqui e somos a tua companhia e incondicionais na nossa fidelidade. Pego num livro e abro uma página ao acaso e que leio?
Foto de A.P.Silva
"De que te queixas, alma abandonada? Por que razão esse voo agitado em torno do casulo? Porquê não olhar o horizonte que te pertence em vez de lutar contra o que te é alheio? Mais vale um pombo vivo no telhado que o pardal semimorto na tua mão batendo as as asas de terror."
Kafka . in Meditações, editora Alma azul
Foto de M.J.Jara
E para todos os que gostam da canção francesa
Juliette Greco canta
Mon Homme- 1964
Extracto dum texto de Eduardo Prado Coelho
Será por isso que a porta vai rodar de novo, silenciosamente, e eternamente vestida de negro, de cabelos negros, de olhos negros, de luminosas palavras enegrecidas pelo metal da voz, Juliette Gréco poderá aparecer: atravessou rostos e paisagens, portos e bares gingados, manhãs cinzentas de tédio, os filmes de vidas suspensas em torno de um copo de vinho, ouviu o riso do acordéon, brincou com o garota na esquina da rua des Blancs-Manteaux, e recomeçará a dizer com a sua voz felina e espreguiçada: "Désabillez-moi/ Désabillez-moi/ Oui, mais pas tout de suite/ Pas trop vite."
Amanhã, no Centro Cultural de Belém, improvável e imaterial, emergindo da espessa noite da história, entre Boris Vian e Sartre, Prévert e Bataille, Gérard Philippe e Jean Vilar, Malraux e Giacometti, Jacques Brel, Hemingway e Miles Davis, Juliette Gréco virá até nós - cantar, dizer as palavras dos poetas, de um tempo em que a poesia era uma forma de respirar e habitar as manhãs, e atravessar os telhados de Paris, e organizar a Resistência, e ouvir jazz nas caves de Montparnasse, e fotografar um beijo infindável diante do Hotel de Ville, e encontrar Kikki e Gainsbourg. Os poetas são Mac Orlan e Léo Ferré, Queneau ou Prévert, Brel ou Desnos. O que quer dizer que estas palavras estão certas como um tempo que foi e é para sempre a beleza de ter sido.
Havia um pássaro e havia um peixe, e havia entre eles um amor de ternura sem fim: mas como fazer quando um está na água, e o outro lá em cima? Uma formiga de dezoito metros com um chapéu na cabeça - não existe, não existe. Uma formiga puxando um carro de pinguins e de patos feios - não existe, não existe. Mas porque não?, mas porque não? - perguntam os poetas. Mas porque não? - pergunta a Gréco. Ainda. Sempre. Com ela estaremos de novo mais altos do que no dia, mais longe do que na noite. Estaremos (vê, ouve, está) na luz deslumbrante do primeiro amor.
Nota: Julliette Gréco cantou no CCB em Janeiro de 2001
Neste dia
triste,
chuvoso,
em que as noticias que nos chegam
são catastróficas;
em que as pessoas se divertem, muitas vezes não por vontade,
mas porque é Carnaval;
em que o desânimo assalta tanta gente;
em que a nossa confiança está perdida
e.......
Deixo-vos o meu sorriso amigo,
Foto MJC
e algumas palavras sábias:
"Deixa que vejam a bondade no teu rosto,
no teu olhar e no calor
das tuas palavras.
Para as crianças, os pobres,
para com todos os que sofrem e estão sós,
tem um sorriso alegre.
Dá-lhes não só o teu carinho,
mas todo o teu coração"
Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)
Foto Net
Amo os sorrisos e o riso.
Se quisermos mais sorrisos na vida,
temos de criar
as condições ideiais para que acontençam.
...E certamente como se consegue isso?
Certamente, nunca, com zangas,
inveja, ganância ou ódio,
mas com bondade,
espirito aberto e sinceridade.
Dalai Lama (1935)
Foto Net
Para sorrir são precisos dezassete músculos;
para franzir o sobrolho, quarenta e três.
Faz o que tens a fazer, sorrindo.
Carece de muito menos esforço
Tom Walsh
E não se esqueçam:
Miró -Net
"Toda a gente sorri na mesma língua"
Provérbio
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