Por entre os papéis, a que ando a dar uma volta, encontrei este escrito duma pessoa muito querida que, em algumas pinceladas, nos transmite toda a magia e a história de Sintra:
"Recordações de uma tarde de Verão
Galamares, no fim de uma bela tarde de verão, mais precisamente a 2 de Set de 95.
Na sua acolhedora LEO ", Deolinda recebia família e amigos. Apesar dos 80 anos que fazia naquele dia não se diria que era uma mulher daquela idade. Magnifica forma física , mantinha o ar grave, mas elegante que sempre lhe conhecera.
Á chegada não me escapou a agradá vel sensação de bem estar que transmitia a sua face que não escondeu um sorriso e um olhar de satisfação que traiam a aparente contenção que é timbre do seu caracter de enorme firmeza e determinação. A m á scara caíra por instants deixando a descoberto um enorme calor humano imanente apenas oculto.
Do pátio anexo à sala não pude deixar de admirar a paisagem luxuriante daquela encosta da Serra da Lua, a Xantia dos à rabes, dominada pela vegetação exótica da Quinta da Penha Verde e pelo majestoso Pal á cio de Monserrate. E pensei que afinal havia uma enorme coerência entre as origens à rabes daquele lugar e os românticos devaneios orientalistas dos mecenas do século XIX. Daquele ponto poucos se apercebiam que est à vamos perante séculos de beleza carregados da memória histórica que varria toda a civilização. Desde os cultos pré-históricos da Lua, às magias druidas dos celtas, às adorações mitológicas dos romanos, ao arianismo dos godos, aos cultos das sagas nórdicas, à prática tica por setecentos anos do islamismo à rabe, até passando pelas estelas indianas inscritas em sânscrito do hinduísmo trazidas por D. João de Castro no século XVI, Sintra foi (e é) palco de mais anos de história de outras religiões do que dos 900 anos de cristianismo.
Os habitantes, as pedras, as fontes, os nomes, os costumes são testemunho da singularidade deste lugar da Terra. E os escritos de Plinio , Edrisi e muitos outros à rabes não se esgotam por essas épocas. Para não falar de Gil Vicente, Zurara, Damião de Góis e Camões e das mais belas p à ginas de Eça nos Maias, Byron que aqui começou a escrever Gondom Childe e lhe chamou Éden glorioso, Robert Southey que lhe chamou 'o mais abençoado torrão do globo habit á vel', Armand Dyot que a denominou 'oitava maravilha do mundo', Jorge Borrow que disse que ' se h á paragem do mundo que mereça a designação de terra encantada é Sintra. Percebo porque razão Richard Strauss disse que Sintra era a coisa mais bela que vira dizendo: "Este é o verdadeiro jardim de Klingsor e l à no alto est à o Castelo do Santo Graal". Por aqui abundam antas, menhires, aras romanas, inscrições à rabes, a Casa de Meca, a Capela a Santa Catarina do Sinai, Monserrate das lendas do Rei Artur. Sintra é para além de maravilhosa um repositório dos mais valiosos símbolos das civilizações indo-europeias.
E por último ,a história das relações da minha família dava para um romance. Para mim uma enciclopédia de recordações cobrindo 60 anos de vida. Dava para uns Thibault de Roger Martin du Gard ou para uns Buddenbrooks de Thomas Mann, se houvesse talento para tal e se ainda houvesse espaço para literatura deste tipo.
"
PS: Peço desculpa a quem já deixou o seu comentário, mas por falha minha o post saiu antes de completado com as fotos (desta amadora) e a música devida. Falhas humanas
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